sexta-feira, 29 de abril de 2011

Eternal Sunshine of the Spotless Mind


(Br: Brilho eterno de uma mente sem lembranças)

“Feliz é a inocente vestal
Esquecendo-se do mundo e sendo por ele esquecida
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança”.

(Eloisa to Abelard - Alexander Pope)



Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças (ou Brilho Eterno para os íntimos), foge completamente dos filmes, que classifico como, Hollywoodianos. Também pudera o roteiro é de nada mais nada menos que de Kaufman, a mente mais insana, depois de Tarantino, que eu conheço!
O roteiro deslancha quando Joel (Jim Carrey) descobre que Clementine (Kate Winslet), sua ex-namorada, submeteu-se a um tratamento experimental para apagar da sua memória os momentos em que viveu ao seu lado. Ele, sentindo-se agredido, resolve fazer o mesmo. Porém, desiste de esquecê-la, ao tomar consciência de que a apagando de sua memória, apagará também uma parte de si mesmo. - Por isso a citação do poema acima, referenciado até no nome do filme - É então que se inicia uma saga dentro da mente de Joel para salvar Clementine do esquecimento, escondendo-a em momentos de sua vida em que ela não esteve. Como sua infância, por exemplo.

O poema de Pope (que parece ser uma epopéia de tão grande!) remete à idéia de que a única maneira de ser feliz é esquecer-se e tornar-se esquecido, pois somente na ausência de qualquer lembrança existe toda a graça. Falando de mentes imaculadas, corações resguardados, sentimentos ingênuos, os quais não são assombrados por sofrimentos de lembranças do que um dia foi e nunca mais será.
E esse gênio dos roteiros, consegue exprimir perfeitamente esse comportamento prepotente do ser humano, que é tentar recriar a própria memória para evitar a dor das lembranças.
Brilho Eterno de uma mente sem Lembranças, foi durante muito tempo meu filme favorito, justamente por isso: prepotência juvenil traduzida como imaturidade! Por que crescer dói pra burro! E ninguém quer sentir dor nenhuma, nem que para isso tenha que usar de subterfúgios fraudulentos rs!

Apesar da máxima “abençoados os que esquecem” – baseada em uma frase de Nietzsche – Sabemos que não há como abafar os ecos das relações ou circunstâncias que um dia vivemos. Santo Agostinho (sabendo disso) “A casa da alma é a memória.” Santa inspiração! Só hoje entendo o que Kaufman quis falar nesse filme e pode até soar como trocadinho, mas é a mais pura verdade, Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças tornou-se para mim, uma lembrança de mim mesma.

3 comentários:

  1. tinha que comentar. magistral.
    vc sabe que esse está sendo o "filme do momento" para mim...a pesar de saber que as lembranças fazem parte do que somos, às vezes temos que esquecer algumas coisas, nem que seja por um tempo, para que depois elas se tornem menos presentes na nossa vida...bom, eu acho assim...
    adorei e obrigada!
    bj!

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  2. Esse filme até hoje me lembra vc.clementine rs!
    ass: provino

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  3. Esse filme é dos meus preferidos. E obviamente, me lembra você. Sempre.

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