domingo, 22 de maio de 2011

Bakjwi


                                                        (Br: Sede de Sangue)

Bakjwi, um dos mais interessantes filmes de vampiros que já assisti, autêntico representante de um gênero que vem sendo compulsoriamente massacrado por baboseiras como Crepúsculo, Vampire Diarie,s Twilight, Supernatural, Crepúsculo  True Blood e companhia. Pronto. Comprei briga com a mulherada fanática pelo Edward Cullen. Sinto muito, garotas, mas a vida após a morte não se resume apenas a vampirinhos castos viado ao som de Linkin Park!
Também não pretendo comprar briga com “carolas” de determinadas religiões – especialmente os cristãos. A esses, com todo o meu respeito, aconselho: Meus caros, não levem a arte e a vida tão a sério.
O diretor não tem nenhuma intenção de questionar a conduta dos sacertodes ou a fé que cada um possui – muito menos a existência de milagres - Arte é arte - Ela é feita para vários propósitos, mas especialmente para envolver e surpreender o espectador.
Por isso mesmo, meus caros, talvez ele agrade a poucos, afinal, as pessoas estão tão fartas ou acostumadas à violência que querem ver histórias de vampiros só se elas forem “limpinhas” Logo só dou essa indicação a pessoas que curtem filmes de terror nos quais não falte sangue, violência gratuita, detalhes escatológicos, sequências delirantes e uma boa dose de sensualidade e erotismo. Cinema criativo indicado para poucos.
Se identificou com Bakjwi? Então PÁRA DE LER E VÁ ASSISTIE AO FILME!!!! No caso desta produção, mais do que em outras, quanto menos você sabe sobre a história melhor. Interessei-me pelo filme por seu diretor Park Chan-wook (autor da Trilogia da Vingança formada por Mr. Vingança, Oldboy e Lady Vingança), além de ser indicação do Murilo meu fornecedor de filmes de terror. Mas não li nada a respeito antes. Recomendo que você faça o mesmo – no caso de não tê-lo assistido.
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SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto a seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Bakjwi







Vai ler assim, mesmo! Não diga que não avisei...







A premissa da obra – ao estilo do diretor - é um tanto quanto bizarra, o querido padre de um pequeno vilarejo, Sang-Hyeon (Song Kang-ho), exausto de rezar a extrema-unção aos católicos que vêm morrer no seu leito. Devotíssimo, mas aberto às "obras de Deus por meio da ciência" busca uma cura para um vírus letal que atinge a região, para isso se torna voluntário de um novo tipo de tratamento, na tentativa acaba precisando urgentemente de uma transfusão sanguínea, acordando posteriormente como um vampiro. A população começa a tratá-lo como santo.
Transtornado por suas novas características, vê em Tae-Ju, sua amiga de infância            - louca para dar - a incorporação de todos os pecados carnais e com ela inicia um louco e sangrento romance.
A genial inconsequência do diretor se estende à sua escolha de simbolismos. Ele não se limita a associar o vinho da missa com o sangue do padre; uma hora Sang-hyeon pega até um espelhinho na mão que, pelo movimento de seus gestos, se assemelha a uma hóstia. Aliás, o vampiro de Chan-wook não tem nada de místico. É um vampirismo essencialmente carnal o de Bakjwi. Como seres carnais, o simbolismo preferido de Chan-wook passa a ser o sexual: flautas fálicas que ejaculam sangue, alicates que simulam felações, mais saliva e som alto quando ela chupa o dedão dele e ele lambe o pé dela. O diretor não mede palavras nem imagens para transformar o seu padre em um vampiro clássico, movido por seus desejos. O hedonismo desenfreado tem um preço caro e, o frágil equilíbrio de outrora, quando Sang-hyeon tomava apenas sangue em tubos de vítimas em coma, vai para o brejo quando ele contamina Tae-joo com a sua maldição. Ela transforma-se em uma sanguessuga insaciável com uma sede infinita, demonstrada, sobretudo à “liberação sexual, pelo sangue e pelo poder” sem nenhum freio moral para escolher as suas vítimas. Se é que existe algum modo certo de escolher quem se deve matar.
Tae-joo me soa até como uma heroína moderna, rompendo com anos de repressão feminina numa luta justa para igualar o placar com um mundo indiferente.

Chan-wook nos faz refletir sobre a nossa capacidade de sermos racionais, esclarecidos, de termos fé, na mesma medida em que somos capazes de termos atitudes irracionais, viscerais, baseadas em nossa natureza animal. Mostrando um padre que vive um constante embate entre tudo o que ele considera correto e cristão.
Interessante como, no final somos convencidos de que o espírito humano e a nossa capacidade de decidir sobre nossos atos, estão sempre acima das nossas necessidades mais básicas ou “animalescas”.
Chan-wook Park segue sempre um estilo próprio, algo raro nos dias de hoje. Preocupando-se em fazer com que cada cena tenha uma justificativa e um significado na história. Gostei, em especial, da mistura que ele faz entre realidade, sentimentos e sensações de seus personagens, como por exemplo, as cenas estritamente sensoriais.
 Para entender melhor o filme é preciso compreender as liberdades poéticas e de criação de seu realizador – no caso o excêntrico Chan-wook Park - Por isso mesmo que, Bakjwi seja um filme para poucas.
Temos assim o filme adulto, um roteiro que nos instiga a discutir a natureza humana.
Até que ponto que continuamos humanos e em qual ponto nos tornamos demônios?
O quanto podemos controlar nossos desejos?
A resposta é uma mistura de suspense, humor negro, drama, romance e muita loucura. Mostrando-nos uma sublime brutalização do vampiro, Chan-Wook nos concede sua visão humanista do vampirismo, um vampiro com sentimentos humanos, um homem com sede de sangue.


5 comentários:

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  2. só acho que vc se equivocou numa coisa...os cristãos de verdade sabem viver a vida sim..."carola" de qualquer religião é insuportável. Tem muito budista chato, kardecista chato e católico chato também, e você sabe disso.Me senti ofendida. Pronto. Falei.

    quanto ao filme, se achar vou assistir sim, embora goste de Edward Cullen, não por ele ser um vampiro, mas por ele inspirar um ideal masculino. E eu sou uma bobocaromanticapiegas mesmo:)

    bj!!!

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  3. Excelente filme! Esteve na primeira posição dos filmes que mais gostei do ano de 2010. Vale muito esta indicação, assim como a original do excelente filme sueco "Deixa Ela Entrar" - este infelizmente não foi lançado em DVD por essas bandas, mas pode ser facilmente descido da net.

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