segunda-feira, 11 de julho de 2011

O que é Sídorme da carne-de-vaca? E PJ Harvey

A primeira vez que ouvi falar sobre a síndrome da carne-de-vaca foi num artigo de música da Veja que falava sobre as pessoas que gostam de artistas por serem desconhecidos do grande público e ovacionados pela critica especializada, perdendo também o interesse quando essas bandas começam a fazer muito sucesso.

Não sei se é de propósito mas normalmente passo pela síndrome da carne-de-vaca quando as bandas que gosto fazem sucesso, pois gosto de bandas que tenham som único e batidas diferentes e normalmente elas se enquadram no “hitsingle” do momento para fazer sucesso, descaracterizando a banda e deixando ela igual a 192.839.058.394 bandas que tocam no radio todos os dias, e ainda soa como se todas tivessem tocando a mesma música.

No cinema também passo por crises de carne-de-vaca quando vejo a 100.000.000 comédia romântica com o mesmo argumento que termina com o garoto reconquistando a gorota mesmo depois de fazer um monte de merda, e a promessa de amor eterno zzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Romantismo não é chato, chato é ver a mesma historia com atores diferentes todas as vezes.

Tendo em vista que carne-de-vaca é um termo que se aplica a todos os tipos de arte, resolvi tirar da cartola uma das pessoas que sempre me surpreende com sua excelente qualidade vocal e criatividade:

PJ Harvey

O que mais me surpreende nessa artista é sempre soar a antítese dos álbuns anteriores. Começou a carreira sendo comparado com as musicas grunge norte-americanas mas a cada álbum faz o oposto do que se espera dela. Sempre tratando de temas pesados como no começo da carreira que polemiza o abuso sexual de crianças e mulheres, ou na musica “Down by the water” que conta a historia de uma prostituta que afoga a própria filha na água dando ao expectador raiva e pena da protagonista.

Na realidade o que mais me interessa em suas letras mais densas é a abordagem de temas chocantes, dando a protagonista um misto de culpa e desespero, sentimentos conflitantes e atmosfera sombria.

O álbum que mais ouvi foi “Uh Huh Her” em que ela parece se recuperar da depressão vivida pelo fim do namoro com Nick Cave (também ícone da musica alternativa). Possui varias musicas mais vibrantes, com analogias a sexo, fala de balada e parece ser uma procura por experiências novas e diversão. Prova que ela é surpreendentemente boa fazendo músicas alegres também.

O mais incrível é que no álbum seguinte ela volta à velha morbidez, fazendo seu álbum mais depressivo e lúgubre. Em “White chalk” ela abandona a guitarra e assume um piano e produz um cd conceitual em que cada faixa conta a historia continua de uma garota durante a separação de seus pais na infância, discutindo os sentimentos de impotência e de ser forçado a crescer rapidamente, a paixão adolescente em que o mundo gira em torno do parceiro, uma gravidez não programada, abando, aborto e depressão. Esse CD é uma montanha russa em que você entra num limbo que não há felicidade. GENIAL.


Ela ainda lançou mais dois CDs, “A Woman a Man Walked By” em que volta a trabalhar com John Parish, seu antigo companheiro de banda. Apesar de não achar as músicas ruins nenhuma delas me emocionou como nos CDs citados anteriormente, não desmereço o trabalho mas não me agradou. O ultimo tem o nome de “Let England Shake” só ouvi uma música, me pareceu muito boa mas não ouvi todo o cd para emitir uma opinião.