sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Meus 26*

01º The Lion King - (br: Rei Leão).

Essa lembrança, talvez, seja a primeira. Por isso encabeça a lista. Minha relação com o cinema começou bem cedo, por causa do meu pai, um profundo admirador da sétima arte, que me levava desde muito pequena ás salas de cinemas. Pra se ter uma idéia de como cresci assistindo filmes, lembro que aprendi a ler, com as legendas dos filmes!
Lembro até hoje de quando meu pai me levou ao cinema pra assistir Rei Leão, na época o Cine Super K era na Av.Major Wiliams, e como a pilantragem do cinema vem de longa data, a bilheteria vendeu mais ingressos que a lotação das salas, um verdadeiro over bulk! Ocasionando uma confusão enorme nas salas super-lotadas de crianças chorando para verem o filme e os pais brigando com o gerente do cinema. Tudo isso com o filme rolando na tela... Foi quando olhei pro meu pai e ele de fininho me pegou no colo e achando um lugar “reservado” sentou no chão comigo e assistimos a mais emocionante história de pai e filho que eu já tinha visto.


* Meus 26. Dia dois completei 26 anos, com cara de 15, hehe. E pra eu comemorar elejo os 26 filmes que de alguma forma marcaram a minha vida.-Vou citá-los ao poucos em ordem cronológica.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Mary and Max


Profundo e divertido, engraçado e trágico, este filme surge com um novo conceito de animação para adultos. Muito diferente dos filmes da Disney, Pixar ou Drem Works.
Mary and Max é uma animação única, totalmente singular. Não lembro de ter assistido antes, a um filme desse gênero que me mostrasse tão bem os detalhes cômicos e trágicos da vida de uma criança e de um adulto, assim, tão sincero e verdadeiro. Sem  clichês.
Talvez apenas Persepolis, outra animação incrível, equilibrasse de forma tão honesta e  poética os elementos da complexidade de uma vida. Nossa! Como estou filósofa! É que esse filme realmente mexeu comigo. A começar pela forma em que assisti, com minha avó, e emocionou á nós duas tá!
Mas como um filme de animação em stop-motion consegue conquistar avó e neta?
Simples. Explorando o mais universal desejo do ser humano: O de aceitação e amor. Não importando o quão diferentes somos. Aceitação esta, que só uma amizade honesta pode nós proporcionar.
Como uma garota australiana e solitária que sofre com a ausência do pai e com o alcoolismo da mãe, escolhe aleatoriamente um nome em uma lista telefônica e por coincidência ou conspiração cósmica conhece, através da troca de cartas, Max, um senhor solitário, que sofre Síndrome de Asperger e possui um estilo de vida anti-social, assim como o dela. Pode nascer uma amizade?
Num roteiro alicerçado numa veia cômica e inusitada que, algumas vezes, beira o infame. Por isso mesmo ele é dirigido ao público adulto. Não que as crianças não possam assistir a este filme, mas elas dificilmente conseguirão entender toda a gama de ironias da história.
Por exemplo, qualquer criança se pergunta “de onde surgem os bebês”. Mary e Max trocam informações a respeito com explicações absurdas que receberam de seus próprios pais. Na versão de Mary, os bebês na Austrália são “achados em copos de cerveja”. Na de Max, os bebês da América vem de “ovos colocados por rabinos” (ou por freiras católicas, ou por prostitutas sujas e solitárias).
Têm que admitir que estas explicações são geniais e que, evidentemente, tem seu fundamento/origem nas respectivas origens e hábitos na cultura em que estão inseridos.
Enquanto os adultos um pouquinho informados podem ligar uma “coisa na outra” e fazer suas próprias conclusões, dificilmente uma criança terá essa mesma leitura.

Uma animação que trata da vida mesmo, sem frescuras, sem censuras, sem meias-palavras. Belíssimo, honesto, emocionante, poético, filosófico. Fiquei fã do diretor e, certamente, estarei atenta a todo e qualquer trabalho que ele fizer no futuro.

Pesquisando sobre o filme encontrei um emocionante desabafo do diretor Adam Elliot, e julgando ser de extrema relevância, para compreensão dessa obra divido neste blog:

Muitas pessoas dizem que se sentem muitas vezes diferente; que não sentem que se encaixam. Eu sou uma destas pessoas. Mesmo com todo o sucesso, reconhecimento e aceitação que eu obtive com os meus filmes, eu muitas vezes ainda me sinto sozinho e sem sintonizar-me com o resto do mundo. Muitas vezes eu me sinto triste, perseguido e com dúvidas sobre as coisas, eu acho o mundo tantas vezes injusto. Eu realmente sinto empatia com os perdidos e os ignorados, marginalizados e melancólicos. Eu sou atraído por estas pessoas e suas histórias, mas não posso ajudá-los. Eu acho as pessoas tão fascinantes, a partir do normal para o verdadeiramente ímpar. Estas são as pessoas que eu respeito; estas são as pessoas cujas histórias eu quero ouvir e quer ver na tela grande.”

 Adam Elliot tem a consciência de como seu trabalho pode afetar a vida das pessoas para o bem, fazendo a diferença em seu cotidiano. No mesmo material de divulgação, depois de afirmar que tem plena consciência do efeito dos seus filmes na vida das pessoas, o diretor continua dizendo:

Costumo dizer que, se eu pudesse, gostaria de fazer meus filmes gratuitamente. Nenhuma quantidade de dinheiro jamais poderia comprar a sensação de estar com uma audiência assistindo algo para o qual você tenha dado o seu coração e alma, sabendo que isto não é apenas entretenimento para eles, mas que também os vai nutrir e mover”.

Que homem maravilhoso, não? Dá pra entender por que virei fã dele né!
Há! espero que ninguém se sinta meio frustrado ou triste com o final do filme.Pois eu, além de não gostar. Penso que um “final feliz”  a la Hollywood fugiria totalmente de boa parte da realidade. Quantas histórias não existem, por aí, de pessoas que, por muito pouco, não conseguiram se encontrar? Então paciência, porque Mary e Max vivenciaram uma relação única e bela, eterna enquanto ela durou. E isso, meu bem, é tudo o que alguém pode querer, levando em conta a nossa finitude. Já dizia Sênca:

“Deve-se aprender a viver pro toda a vida e, pro mais que tu talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”